Wednesday, February 16, 2005

Sei que um dia não serei mais sua
Na verdade, eu nunca fui
Mas se ninguém é de ninguém
Como é que você me possui?



Maira Cavalcanti

Tuesday, February 08, 2005


Maira Cavalcanti



Me sinto aprisionada dentro deste apartamento
As janelas estão fechadas e eu mal consigo respirar
É quente.
A vida corre lá fora e eu corro dentro de mim
Mas para onde?
Não chego em nenhum lugar
Fico rodando, rodando e de tão tonta paro e choro
Minha vida não tem mais horários nem obrigações
Minha vida não tem mais nada.
Só eu sozinha

Me sinto só dentro deste apartamento
Não há ninguém dentro dele além de mim
A porta está fechada. Não há como sair.
Quero sair de mim e não consigo.
Nem luto mais.
Aceito e deixo tudo pra trás.

A esperança me telefona
Dizendo que vai chegar
E eu espero sentada
Pq sei que ela vai demorar

E de tanto esperar canso
Estou cansada da vida
Cansada de ser só eu e mais ninguém
Me dói ouvir vozes de outrem
São falas que não são minhas
Pq eu me calo no silêncio do dia
Na solidão de quem é só
E está presa em um castelo feito de tijolos de ferro
Pelos quais não consigo passar

A solidão me mata aos poucos
E eu fico esperando a morte chegar.


Maira Cavalcanti






Saturday, February 05, 2005

"As vezes eh preciso abandonar o barco,
A luta, o carrossel, o circo inteiro,
E partir como ave migratoria para o norte
Em buscade terras de verao e de sol,
Mas quando isto for preciso
Que se faca com rosto limpo,
A face descoberta e voltada para frente,
Que nao haja mentiras nem tristeza.
Queimem-se as lembrancas, quebrem-se
As garrafas; enterrem-se cinzas e cacos.
Seja-se ate os ossos mais frageis
Uma ave migratoria: a volta existe
Mas eh outra historia, e nao desculpa
A permanencia no ponto de partida."

Flavio Aguiar
Primary Pulmonary Hypertension
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